⚖️ O Direito em Debate, a Advocacia em Ação

Da PEC da Blindagem às novas diretrizes da Receita Federal e decisões recentes do STJ e TRT, a semana mostrou como política, tributação e jurisprudência se entrelaçam e impactam diretamente a rotina dos advogados.

Enquanto isso, no universo da inovação, o reconhecimento do Brasil pela União Europeia em proteção de dados e os riscos do uso de IA no Judiciário reforçam um ponto: a advocacia precisa estar preparada para navegar entre a tradição do Direito e as transformações tecnológicas que chegam cada vez mais rápido.

🗓️ Manchetes da Semana

Câmara aprova PEC da Blindagem e acirra debate sobre proteção parlamentar

A Câmara dos Deputados aprovou, em dois turnos, a PEC 3/21, popularmente conhecida como PEC da Blindagem. O texto fortalece proteções legais para parlamentares federais e presidentes de partidos, dificultando processos criminais contra eles.

Entre os principais pontos da PEC estão:

  • Parlamentares só poderão ser processados criminalmente com autorização prévia da respectiva Casa Legislativa, por votação secreta e maioria absoluta.

  • Prisões somente em caso de flagrante por crime inafiançável, com possibilidade de sustação ou manutenção da prisão pela Casa Legislativa em até 24 horas.

  • Presidente de partido parlamentar com assento no Congresso ganhará foro privilegiado no STF para investigações.

Defensores afirmam que a PEC é necessária para conter abusos de decisões judiciais e garantir soberania do voto e imunidade parlamentar. Já os críticos afirmam que é preciso clareza nos limites dessas proteções para evitar que se tornem escudo para corrupção ou impunidade.

Para escritórios de advocacia, departamentos jurídicos e operadores do direito, a PEC da Blindagem representa uma mudança significativa na responsabilização criminal de parlamentares – tanto em termos formais (votação secreta, prerrogativa de função) quanto processuais (autorização prévia, foro). Para cidadãos, o debate está em torno do que se perde ou se ganha em termos de transparência, eficácia do controle institucional e a segurança de que ninguém fica acima da lei.

Receita Federal esclarece imposto sobre honorários em contratos de parceria advocatícia

A Receita Federal definiu que, em sociedades de advogados que atuam por meio de parcerias por indicação, só será considerada receita bruta daquela sociedade a parcela dos honorários que lhe couber, conforme estipulado no contrato. Ou seja: os valores que forem repassados aos parceiros não entram na base de cálculo do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, desde que respeitadas as regras tributárias e os provimentos da OAB.

Além disso, segundo a Solução de Consulta Cosit 161/25, publicada pela Receita, nos regimes de lucro presumido e para PIS/Cofins cumulativos, só se tributará sobre aquilo que a sociedade de advogados efetivamente receber. Também ficou claro que as retenções de IRRF, CSLL, PIS e Cofins feitas na fonte só poderão ser aproveitadas como dedução se corresponderem à parcela da receita que a sociedade reconheceu. Essa definição traz segurança jurídica e pode reduzir passivos fiscais, desde que escritórios atuem com contratos bem elaborados e cumprimento documental rigoroso.

STJ define novo marco para concessão de Justiça Gratuita: critérios objetivos só com reservas

A Corte Especial do STJ, em julgamento do Tema 1.178 sob rito dos repetitivos, decidiu majoritariamente que critérios objetivos como renda ou patrimônio não podem servir como fundamento automático para negar o benefício da justiça gratuita a pessoas naturais. O relator, ministro Og Fernandes, reconheceu que esses parâmetros podem ser utilizados de forma suplementar, como indícios a justificar exigência de comprovação adicional da condição de hipossuficiência.

Segundo a tese fixada:

  • É vedado o uso exclusivo de critérios objetivos para indeferir gratuidade judicial.

  • Se houver indícios nos autos que levantem dúvidas sobre a hipossuficiência, o juiz deve solicitar que o requerente comprove sua condição, indicando claramente as razões que motivam essa exigência.

  • Os critérios objetivos poderão ser usados apenas como complemento, e não como base única para negar o pedido.

A decisão do STJ exige que advogados apresentem argumentos e provas consistentes ao pedir justiça gratuita, já que critérios de renda não bastam. Isso pode aumentar o trabalho inicial, mas também abre espaço para contestar indeferimentos automáticos de forma mais eficaz.

🤖 Radar Tech

Brasil é reconhecido pela UE como jurisdição adequada em proteção de dados: impacto tecnológico e jurídico

A Comissão Europeia publicou uma versão preliminar de decisão de adequação que reconhece que o Brasil oferece um nível de proteção de dados pessoais equivalente ao exigido pela legislação europeia — em especial, ao GDPR. Isso significa que, quando a decisão for final, será muito mais simples para empresas brasileiras receberem ou trocarem dados pessoais vindos da União Europeia, sem necessidade de mecanismos adicionais ou cláusulas complementares.

A decisão europeia traz maior segurança jurídica para contratos de transferência internacional de dados e reduz a burocracia e os custos ao dispensar cláusulas adicionais em muitos casos. Ela também abre novas oportunidades de mercado para empresas de tecnologia, data centers e startups de privacidade e segurança, mas exige atenção constante ao alinhamento regulatório entre LGPD, ANPD e GDPR para evitar brechas e litígios.

TRT-2 multa por má-fé após uso de julgados falsos gerados por IA

O TRT da 2ª Região condenou uma trabalhadora a pagar multa de 5% do valor da causa por litigância de má-fé, após a apresentação de julgados inexistentes criados por ferramentas de inteligência artificial. A decisão rejeitou todos os pedidos da reclamante e aplicou a penalidade com base no artigo 793-B, incisos II e V da CLT, por “faltar com a verdade” e agir de forma temerária.

“Não basta usar ferramentas de IA: é responsabilidade do advogado conferir a veracidade das citações.”

- Juiz João Forte Júnior, relator do caso

Esse episódio reforça um ponto crucial para a advocacia: a IA pode acelerar pesquisas e otimizar tarefas, mas exige checagem humana rigorosa. Julgados “alucinados” por ferramentas de linguagem já são uma realidade e podem resultar em multas, perda de credibilidade e riscos éticos. Para os advogados, a lição é clara: a tecnologia deve ser vista como apoio estratégico, nunca como substituto do julgamento profissional e da validação técnica.

🏆 Dicas da Semana para uma advocacia mais produtiva

Preserve provas digitais com segurança: A Wayback Machine permite acessar versões antigas de sites e comprovar conteúdos que foram alterados ou apagados, recurso útil em disputas envolvendo publicidade, contratos eletrônicos e direito digital.

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Isso é tudo por esta semana.

📅 Até a próxima segunda, com mais decisões, tendências e ferramentas que movem a advocacia.

Redação Direito ao Ponto, por Freelaw. 💜